quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Oh! o “porco”

Do ponto de vista etimológico e semântico, o substantivo porco, serve de origem a outros substantivos, adjetivos, ou mesmo verbo, tais como as expressões: PORCO, PORCARIA, PORCALHADA, POCILGA, EMPORCALHAR, etc. Sob esta óptica sub-repticiamente, usamos e abusamos de substantivar e adjetivar o que deriva do porco, àquilo que está ligado à imundice, ao lixo e ao mundano.

Como a linguagem é uma vertente da cultura, só através da cultura e da antropologia podemos compreender todas as nuances que nos levam a desmistificar a cultura suína e o "pobre porco". Sabemos, por exemplo, que a comunidade judaica não come a carne suína. Será por quê? Será que é devido a algum preceito religioso? Por um lado temos que racionalizar acerca do povo judeu que durante séculos, perambulou, sem pátria pelos desertos asiáticos.

Como então criar um animal como o porco que por suas características biológicas precisa de muita água? Como racionar água no deserto? Esses são alguns entraves e dilemas vividos pelo povo nômade com as dificuldades vividas em terras tão inóspitas. Por outro lado, sabemos também que o cristianismo, formação religiosa e cultural dos povos ocidentais tem a sua gênese do judaísmo e importou, de forma acidental e incidental, a cultura judaica. Daí conseguimos um pouco entender ao que foi legada e relevada a criação suína: as pocilgas imundas, aos fundos dos quintais, aos dejetos e aos lamaçais.

Mas o porco não é "porco". Ele precisa é de muita água e como qualquer ser vivo necessita organicamente de limpeza para viver bem. A carne suína não é imunda ou "remosa" quando essas provem de uma cultura racionalizada e equacionalizadamente higiênica. Podemos então inferir que a carne suína quando equilibradamente balanceada é tão saborosa, quanto "pura" e protéica; jamais "impura", mas sim nutricionalmente apetitosa e "sadia".

João Carlos Freitas
Historiador

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